Saint Sulpice e a “Linha Rosa”

por Richard Benishai | Articles

Resumo: O romance de Dan Brown, O Código Da Vinci, foi um sucesso em todo o mundo. Só em França foram vendidas 2,3 milhões de cópias! Este romance, extremamente fascinante, foi baseado numa série de factos reais, alguns dos quais são amplamente conhecidos, outros nem tanto. Parte do livro centra-se na igreja parisiense de Saint-Sulpice, no bairro de St. Germain (ver Figura 1, Figura 2 e Figura 3). No livro, Dan Brown menciona a “Linha-Rosa” na igreja, que supostamente esconde a Chave para o Santo Gral. Esta linha existe de facto na igreja, embora o enredo sobre ela, no romance, seja fruto da imaginação de Dan Brown.

Eu tinha desenhado Saint-Sulpice, uma pacata igreja do Bairro de Saint Germain em Paris, pela descrição existente no romance. Durante a minha curta visita a Paris, tive a sorte de conhecer o Padre Roumanet, o padre local, e discutir com ele as facetas do romance relacionadas com a igreja. Ele assegurou-se que muitos poucos dos factos mencionados no livro, eram, de facto, verdadeiros. O que se descreve de seguida é a história real de Saint-Sulpice.

O lado Energético da Igreja

Devido ao tempo disponível ser limitado, o mapeamento da igreja foi apenas preliminar (ver Figura 4). No entanto, o traçado básico encontrado noutras igrejas, foi usado nesta construção. Por exemplo, há uma falha e corrente de água subterrânea (falha inundada), ao longo do centro da igreja. Esta combinação de elementos geológicos era usado em quase todas as igrejas para ampliar, e também distribuir, a energia da igreja pelos arredores. A profundidade da água na entrada é 13 metros. O nível desce para os 43 metros na traseira. Esta é a única linha de água sob a igreja, ao contrário de outras igrejas que visitei, que apresentam uma rede de linhas de águas fluindo sob as colunas.
As redes electromagnéticas, Curry e Hartmann, estão posicionadas exactamente sob as colunas.
Sendo especialista em energia, descobri que esta igreja se comporta como todas as outras que visitei: a energia aumenta à medida que avançamos para a traseira do edifício, para o altar. A energia foi medida com um pêndulo e um gráfico, usando a sensibilidade do meu corpo. Os resultados encontram-se na Figura 5.

Acerca da Igreja

A presente igreja é uma segunda construção, erigida sobre uma antiga igreja. A primeira igreja foi originalmente erigida durante o século XIII. Ao longo dos séculos, até 1631, foram sendo feitos aumentos ao edifício.
A nova estrutura foi iniciada em 1646 e completada em 1789. Uma representação do progresso da construção ao longo dos anos pode ser observada na Figura 6. Esta igreja, hoje tão calma, conheceu períodos tumultuosos. Abrigou reis e rainhas, Robespierre e Napoleão Bonaparte. A este local vieram homens e mulheres famosos pela sua santidade. Esta igreja foi um centro vibrante de espiritualidade durante os séculos XVI e XVII.

O Gnomon

No seu romance, Dan Brown, refere-se à linha como a “Linha Rosa”, sendo a linha meridiana para Paris, menciona que a igreja foi construída num local de ancestral culto pagão, e indica a localização como um eixo místico para França. Nada disto é verdade.
Retirei o seguinte de uma nota editada na igreja: “Contrariamente a alegações fantásticas de um recente romance, esta [a linha no pavimento] não é o vestígio de um templo pagão. Nunca existiu um templo desses neste local. Nunca foi nomeada como Linha Rosa. Não coincide com o meridiano traçado pelo meio do Observatório de Paris, que serve como referência para mapas, onde as longitudes são medidas em graus Este ou Oeste de Paris. Note, por favor, que as letras P e S em pequenas janelas circulares em ambos os extremos do transepto, referem-se a Pedro e Sulpice, os Santos patronos da igreja, e não a um imaginário Priorado do Sião.”
Esta linha indicadora, ou gnomom, é apenas uma ferramenta de medida, estabelecida em 1727, a pedido do Sr. Languet de Gercy, o padre de Saint-Sulpice. Este padre precisava saber com exactidão quando era o equinócio de Março, e, consequentemente, o Domingo de Páscoa. Ou seja, o Domingo seguinte à lua cheia depois do equinócio da Primavera. O que foi solicitado fazer:

• Erigir uma coluna de mármore branco com 10,72m de altura (apresentada na Figura 7)
• Inserir uma linha meridiana de bronze, de Norte a Sul (ver Figura 8)
• Montar um sistema de lentes na janela do extremo Sul, que projectassem um raio de luz na linha de bronze. Este sistema pretendia estabelecer um conjunto de outros parâmetros astronómicos importantes:

o O eixo de rotação da terra, em relação à sua órbita em torno do sol
o Observar se a lua não causava alteração no eixo da terra
o Verificar se a temperatura do ar afectava a altura do sol no solstício de inverno
o O dia do ano em que a terra estava mais próxima do sol
o Descobrir a diferença entre o tempo médio, indicado pelos relógios, e o tempo real indicado pela passagem do sol na linha, no chão

Princípios Básicos (Figura 9)

Os raios de sol passam através das lentes localizadas no alto, na janela Sul. Os raios concentram-se no chão da igreja formando um círculo de luz que se move de Oeste para Este, à medida que a terra gira. Quando o círculo alcança a linha de bronze, são exactamente 12 horas locais, ou cerca de 12:50h oficialmente, já que a hora oficial está adiantada ao sol, e Paris está a Este do meridiano de Greenwich.

De acordo com a estação do ano, o sol está mais ou menos alto no horizonte. Em consequência, o ponto de luz move-se ao longo do meridiano e localiza-se em diferentes partes, relativas à estação, e ao período da estação.

Desse modo, o ponto de luz está sobre a placa de mármore (Figura 10) – na ala Sul da igreja – durante o solstício de Verão, deslocando-se até à coluna de mármore branco (Figura 11), durante o solstício de Inverno. Durante os equinócios da Primavera e Outono, o sol brilha sobre a placa de metal, localizada perto do portão de entrada do pequeno hotel.

 

Figura 1: Rua de Saint Sulpice na esquina da igreja

Figura 2: Vista fronteira da igreja de Saint Sulpice

Figura 3: Vista fronteira da Igreja

Figura 4: Mapa Energético da Igreja

Figura 5: Esquema das Energias

Figura 6: Antiga Igreja

Figura 7: O Obelisco com a Linha de Bronze

Figura 8: O Ponto Inicial da Linha de Bronze

Figura 9: Sistema de Lentes e Referências

Figura 10: Placa de Mármore

Figura 11: Linha de Bronze em direcção ao Obelisco